Boa tarde!
Ontem, assim que eu subi as escadas da estação do meu bairro, rumo a minha bicicleta eu vi uma cena tão "esquisitamente" linda, que cheguei a esquecer do cansaço, do resfriado e de que estava ao fim de mais um dia de trabalho.
"Mais um dia de trabalho" significa acordar “5 e qualquer coisa” da manhã com as galinhas (meu despertador é um galo cacarejante), apertar 1 vez o soneca, levantar esbaforida, acordar a Kira )sim, porque ela dorme e dorme muito!), ter uma manhã no melhor estilo Edmundo (o sujeito distraído demais da música): sair correndo, me arrumar, descer as escadas, esquecer qualquer coisa, subir para buscar tropeçando, descer de novo, dar comida pra Kira, tomar meu café, pegar a “merenda” (1 maçã, 1 banana, 1 sanduíche integral), andar com a Kiraldinha, deixar ela em casa, pegar a bolsona, tirar a bicicleta da garagem, pedalar contra o vento até a estação do bairro(ok, as vezes não tem vento), achar um buraco para a bicicleta no estacionamento, brigar com a corrente, subir as escadas da plataforma, encontrar com as mesmas pessoas (ainda volto a esse assunto num post futuro), pegar o trenzinho, descer na estação seguinte, descer as escadas subir as escadas, pegar o próximo trem, com as mesmas pessoas, descer na estação seguinte, pegar mais um trenzinho, com as mesmas pessoas, chegar no vilarejo, andar 2km até a empresa, esperar todo mundo chegar, trabalhar e às vezes me entediar por não ter o que fazer, sair correndo os 2km de volta, pegar o trenzinho, correr as escadas, pegar o trenzão, o trenzinho, descer as escadas, subir as escadas, achar a bicicleta, brigar com a corrente, pedalar até em casa, andar com a Kira, cozinhar, tomar um senhor banho, relaxar, dormir e… UFA.
Por isso, esquecer ontem do cansaço da jornada e do resfriado, foi um presentão. Graças à cena mais graciosamente feia e linda do mundo. Então, eu acho que já falei que eu adoro gente (e bicho, e planta…) e adoro observar a fauna humana por pura curiosidade, para entender, sem julgar demais, olhar de cima a baixo no estilo brasuca de ser. Bom, naquele menos de um minuto a cena chamou minha atenção e, depois de muito tempo (por falta do mesmo), me peguei observando e admirando.
Ok, ok, a cena! Não tem absolutamente nada demais e por isso me encantou. Ao subir as últimas escadas, vi no alto o hippie mais sujinho, mais feinho, mais esculhambado (eu tb sou! Sou naturalmente adepta do estilo “depEjado”), mais tronchinho do mundo, com uns 30 e muitos, cabelo comprido ensebado, despenteado, de oclinhos John Lennon-Harry Potter. Imaginaram? Bom, Ele estava encostado no corrimão com umas rosas tão toscas e mal-ajambradas quanto ele, pareciam daqueles vendedores de rosa que aparecem nos bares da vida em fim de festa. Será que a pessoa tinha resolvido vender flor ao invés de artesanato? Percebi e pensei nisso no instante que eu bati o olho. Por isso, resolvi virar para trás depois de subir as escadas e dar mais uma olhada curiosa e fuxiqueira.
Ah, que lindo! Subindo as escadas estava uma moçoila, balzaca, baixinha, gordinha, um pouco mais ajeitadinha, cara de tímida, da última a ser escolhida para dançar nas festas americanas da escola (se é que aqui tem), de óculos, cabelos não ensebados, mas totalmente boi-lambeu… Os olhos tão brilhantes e tão arregalados, com um sorriso torto e lindo, subindo em direção… Ao Hippie feinho, sujinho, tosquinho! Que, apesar de estar de costas, eu tenho certeza de que estava com o mesmo brilho o mesmo sorriso… Eles se abraçaram, abrindo espaço na multidão e assim ficaram, mas num abraço “curtido”, aproveitado. Ele se tornaram o casal mais lindo do mundo, as rosas se tornaram as mais incríveis, lindas e cheirosas de todas…
E assim, as pessoas que só correm e olham, olham, olham e nada vêem por causa do cansaço e da pressa do dia-a-dia ( COMO EU!) não chegaram a parar ou seria um tropeço só, mas deram uma olhada que desemburrou rostos trabalhadores, que valeu esboços de sorrisos, ou sorrisos inteiros.
Com certeza, alguns deles, das formiguinhas-trabalhadoras do meu trem-formigueiro, voltaram para casa um pouco menos carrancudos, um pouco melhores… E me fizeram pensar que eu tenho que lembrar de ser um pouco mais como eu era e esquecer do cansaço com mais frequência.
E, assim, sem querer, sem perceber, eles mudaram uma estação inteira. Pelo menos pra mim!
Vamos nos “desemburrar”?
Começando… Já!
Tenham um lindo fim de semana!
O CICLO SEM FIM
6 hours ago