Friday, March 11, 2011

O dia em que um hippie e uma flor, sem querer, mudaram uma estação

Boa tarde!

Ontem, assim que eu subi as escadas da estação do meu bairro, rumo a minha bicicleta eu vi uma cena tão "esquisitamente" linda, que cheguei a esquecer do cansaço, do resfriado e de que estava ao fim de mais um dia de trabalho.

"Mais um dia de trabalho" significa acordar “5 e qualquer coisa” da manhã com as galinhas (meu despertador é um galo cacarejante), apertar 1 vez o soneca, levantar esbaforida, acordar a Kira )sim, porque ela dorme e dorme muito!), ter uma manhã no melhor estilo Edmundo (o sujeito distraído demais da música): sair correndo, me arrumar, descer as escadas, esquecer qualquer coisa, subir para buscar tropeçando, descer de novo, dar comida pra Kira, tomar meu café, pegar a “merenda” (1 maçã, 1 banana, 1 sanduíche integral), andar com a Kiraldinha, deixar ela em casa, pegar a bolsona, tirar a bicicleta da garagem, pedalar contra o vento até a estação do bairro(ok, as vezes não tem vento), achar um buraco para a bicicleta no estacionamento, brigar com a corrente, subir as escadas da plataforma, encontrar com as mesmas pessoas (ainda volto a esse assunto num post futuro), pegar o trenzinho, descer na estação seguinte, descer as escadas subir as escadas, pegar o próximo trem, com as mesmas pessoas, descer na estação seguinte, pegar mais um trenzinho, com as mesmas pessoas, chegar no vilarejo, andar 2km até a empresa, esperar todo mundo chegar, trabalhar e às vezes me entediar por não ter o que fazer, sair correndo os 2km de volta, pegar o trenzinho, correr as escadas, pegar o trenzão, o trenzinho, descer as escadas, subir as escadas, achar a bicicleta, brigar com a corrente, pedalar até em casa, andar com a Kira, cozinhar, tomar um senhor banho, relaxar, dormir e… UFA.

Por isso, esquecer ontem do cansaço da jornada e do resfriado, foi um presentão. Graças à cena mais graciosamente feia e linda do mundo. Então, eu acho que já falei que eu adoro gente (e bicho, e planta…) e adoro observar a fauna humana por pura curiosidade, para entender, sem julgar demais, olhar de cima a baixo no estilo brasuca de ser. Bom, naquele menos de um minuto a cena chamou minha atenção e, depois de muito tempo (por falta do mesmo), me peguei observando e admirando.

Ok, ok, a cena! Não tem absolutamente nada demais e por isso me encantou. Ao subir as últimas escadas, vi no alto o hippie mais sujinho, mais feinho, mais esculhambado (eu tb sou! Sou naturalmente adepta do estilo “depEjado”), mais tronchinho do mundo, com uns 30 e muitos, cabelo comprido ensebado, despenteado, de oclinhos John Lennon-Harry Potter. Imaginaram? Bom, Ele estava encostado no corrimão com umas rosas tão toscas e mal-ajambradas quanto ele, pareciam daqueles vendedores de rosa que aparecem nos bares da vida em fim de festa. Será que a pessoa tinha resolvido vender flor ao invés de artesanato? Percebi e pensei nisso no instante que eu bati o olho. Por isso, resolvi virar para trás depois de subir as escadas e dar mais uma olhada curiosa e fuxiqueira.

Ah, que lindo! Subindo as escadas estava uma moçoila, balzaca, baixinha, gordinha, um pouco mais ajeitadinha, cara de tímida, da última a ser escolhida para dançar nas festas americanas da escola (se é que aqui tem), de óculos, cabelos não ensebados, mas totalmente boi-lambeu… Os olhos tão brilhantes e tão arregalados, com um sorriso torto e lindo, subindo em direção… Ao Hippie feinho, sujinho, tosquinho! Que, apesar de estar de costas, eu tenho certeza de que estava com o mesmo brilho o mesmo sorriso… Eles se abraçaram, abrindo espaço na multidão e assim ficaram, mas num abraço “curtido”, aproveitado. Ele se tornaram o casal mais lindo do mundo, as rosas se tornaram as mais incríveis, lindas e cheirosas de todas…

E assim, as pessoas que só correm e olham, olham, olham e nada vêem por causa do cansaço e da pressa do dia-a-dia ( COMO EU!) não chegaram a parar ou seria um tropeço só, mas deram uma olhada que desemburrou rostos trabalhadores, que valeu esboços de sorrisos, ou sorrisos inteiros.

Com certeza, alguns deles, das formiguinhas-trabalhadoras do meu trem-formigueiro, voltaram para casa um pouco menos carrancudos, um pouco melhores… E me fizeram pensar que eu tenho que lembrar de ser um pouco mais como eu era e esquecer do cansaço com mais frequência.

E, assim, sem querer, sem perceber, eles mudaram uma estação inteira. Pelo menos pra mim!

Vamos nos “desemburrar”?

Começando… Já!

Tenham um lindo fim de semana!

Friday, March 4, 2011

“Cadê eu?!”

Boa tarde!!

Post Bíblia-completa para compensar :-P

Cara-de-pau a minha sumir assim por tanto tempo e voltar do nada, dando bom dia como se eu tivesse postado alguma coisa ontem, não é?! Bem, nesses dias em que a gente encaixa 72 horas em meras 24, parece mesmo que foi ontem e não dia 27 de outubro do ano passado! Mas, “vortando”, sumi por aquilo que já tinha contado no post do dia 24/10, por todas aquelas razões: Trabalho, nova rotina... Aí o trabalho novo, daquele post, virou trabalho velho, muita coisa rolou, muita gente nova passou pela minha vida e já virou gente “velha”, muitas novidades já perderam a graça de contar...

O projeto foi muito legal, as primeiras impressões ficaram (que eu escrevi lá no outro post) mas a gente sabia que era temporário, sabia que acabaria. Acho que nunca vi um grupo tão heterogêneo se dar tão bem. Claro que nem tudo eram flores e tinha hora que eu queria arrancar os cabelos, sair correndo... Eu e um dos supervisores tinhamos uma relação “bacaninha” tipo fogo-e-água, sabem como?! Lindo! Mas 90% do projeto tinha a mesma opinião que eu sobre a pessoa, só não reagiam. Na verdade, os holandeses geralmente (com exceções, é claro) preferem fazer o trabalho deles e ir embora, sem se incomodar com o resto – para o bem e para o mal. Essa "doce relação" rendeu boas piadas e risadas nos “borrels”. Ah, os borrels...

Borrel nada mais é que “tomar umas”, na verdade é drinque mas há também o verbo, ou seja “tomar umas”, “happy hour”, “dar uma saída”... Na outra empresa também tinhamos um ou outro, mas só o grupo mais próximo. Nessa era quase toda sexta-feira e, o que começou com um bom número de pessoas, acabou com um grupo quase fixo que acabou ficando, de certa forma, amigo. E o borrel que no início era de fato um happy hour depois do trabalho, foi esticando, esticando... Do pub, íamos comer alguma coisa (ou não) e para algum pub-club até de madrugada. Trabalhei algumas sextas-feiras de 7h às 4h30 Hahaha E sabem que também foi bom, importantíssimo, para a vida pessoal? Deu equilíbrio, um espaço necessário para curtir mais as coisas de casa. Ter o "meu grupo" foi (e é) importante. Ser dependente  – financeira ou emocionalmente -do outro é um problema. Mas... Acabou! Nas vésperas da minha ida ao Brasil, 2 dias antes. Para alguns cedo demais e poucos continuam lá. De uma forma ou de outra, o grupo que tínhamos, se espalhou e aquela integração vai ser difícil de se achar em outro lugar.

Aí eu fui para o Brasil... Eu só vou uma vez por ano e, assim, tentamos sempre ficar o maior tempo possível por lá. Matar um pouco da saudade “monstrengosa” acumulada durante o ano, reabastecer as energias e o estoque de vitamina D,.... Enfim, curtir a volta à casa por um tempo sempre curto. Mas... Dessa vez a minha pimenteira secou! Cheguei sábado à noite, no domingo estava meio assim-assim e na segunda acordei embolotada. “-Isso não é nada, Fefa. É só brotoeja! A diferença de temperatura é muito grande” “- Calma, Fefa, deve ser reação alérgica”. Hum hum, hum hum... Um cochilo de meia hora depois acordo eu igual a um “chokito”. Lá vamos nós pro médico, 11 pessoas na minha frente... “A pediatra também é clínica e só têm 3 na frente, serve?!” Serviu! E ainda bem que serviu! Gente, as bolotas eram catapora! Quase 3.2 na cara e só agora fui pegar a “mardita”. Cacete. Não recomendo! Não dormia com coceira, tudo ardia, doía... Entrei no antibiótico e meu verão ficou incubado junto comigo, no ar-condicionado e sombra, chapéu de palha, óculos escuros e filtro solar entre 70 e 100. Mereço?! Me revoltei, fiquei rabugenta. Diabo de olho-grande pra cima de mim! Nas minhas férias?! Mas, imaginem se eu tivesse embolotado 1 diazinho antes? A TAP não me deixaria embarcar! Se eu tivesse catapora nas bandas de cá, não teria o atendimento que tive, não teria minha enfermeira exclusiva (mãe!), colo, dengo... Abençoado seja o olho-gordo, o seca-pimenteira que me rogou a praga hehehehe! Curti o fim-de-tarde, o chamego, os amigos... Renovei, me energizei e descansei porque quando eu voltei...

Durante o trabalho na empresa nova-velha me ligaram de uma outra empresa, que eu já nem esperava mais, perguntando se eu tinha interesse e lá fui eu, no dia seguinte, super relaxada para depois da bota abandonada do Judas. Gostei do lugar, gostei da idéia, a entrevista foi boa e... Saí contratada! Foi tão rápido que eu fiquei anestesiada. Demorou a cair a ficha. Só caiu na hora que eu voltei para o trabalho e contei como tinha sido..."Já?! Que rápido!" É... Foi! Eu agora trabalho conectada, de certa forma, ao Brasil. O bom é que tenho uma estabilidade maior. O ruim é que é longe para cacete, é láááááá onde a Amaline trabalha (pra quem segue o blog Lininha meias palavras). Pois é, se já não bastasse ela ter morado na minha cidade no Brasil, morar na minha cidade na Holanda, nós agora trabalhamos no memso vilarejo. Com a diferença de que eu ando 2km para chegar no trabalho (não, não tem ônibus) e ela atravessa a rua. Somos “culega” de trem na volta.

O tempo, que já era pouco, sumiu. Aqui na empresa são todos hiper-focados... São mais fechados que os antigos colegas (diferença regional pesa na Holanda! Eu vivo mais para o sul e trabalho mais para o norte) e é um mundo totalmente novo pra mim, estou tendo que aprender tudo e mais um pouco do mercado, dos produtos e, para desgraça da minha irmã, virei "engenheira"! hahahahaha Pelo menos no meu cartão de visitas eu sou uma de vendas. Juro que quando eu vi eu pensei nela tendo a mesma sensação que eu tenho quando vejo um “cake designer”, “hair designer” ou “designer de sobrancelhas”. Mas, C ‘Est la vie! Já rimos muito disso.

Essas são as novidades, gente! Amanhã é carnaval, hoje chegam 4 brasileiros para ficar uns dias lá em casa e pular carnaval com a gente (sim, porque no sul da Holanda tem. É de rua e eu adoro!). Mas, isso fica para o próximo post que, eu espero , não vai demorar mais tanto quanto este.

E vocês? Quais as novidades? Planos para o carnaval?!

Beijocas