Tuesday, August 31, 2010

Turminha em Inglês e Espanhol

Bom dia!!

Um post curtinho para dividir com vocês, especialmente para quem mora fora e tem filhotes bilingues, ou que estão aprendendo inglês e/ou espanhol: A Turma da Mônica está sendo publicada no Brasil com edições nas duas línguas. E podemos fazer assinatura internacional tanto das revistinhas normais quanto das em inglês (monica's gang, link para a revistinha) e espanhol (monica y su pandilla, link para a revistinha).



Adoro a turminha, sempre volto com a mala carregada de revistinhas. Já tentei até ensinar ao E. um pouco de português com os gibis, massss... Cebolinha troca os erres pelos eles, Chico Bento fala caipirês,... Em inglês "facilita":-P.  Aqui na Holanda dá para comprar a revistinha do Ronaldinho em holandês, com participação de Cebolinha (falando certo), Cascão... Eu comprei o número 1, já faz um bom tempo, por 3,50euros no supermercado (jumbo)

A única coisa que eu fico com pena, mas não vou entrar no assunto - não nesse post (tem um no forno sobre isso)-, é que o "diabo do politicamente correto" afetou a turminha. E muito! Saudades dos tiros de sal na bunda, do cascão na lata de lixo ou brincando no lixão, dos desenhos no muro, das surras bem dadas, etc etc. Só falta o Cebolinha falar certo e a Mônica ficar magrela de vez (porque já deu uma afinada e para mim está igual à Magali).

Beijos!

Friday, August 27, 2010

Um dia em "Tilburgo"



Bom dia!!! Postão!

Tilburg está longe de ser uma cidade turística, não tem um centro antigo, não é bonita, mas é um barato!
Estação central. Projeto de Koen van der Gaast
A cidade fica na província de Noord Brabant (Brabante do Norte) e é uma das maiores cidades dos Países Baixos, ficando só atrás das quatro da Randstad (Amsterdã, Utrecht, Haia e Roterdã), Maastricht, Eindhoven e Almere (se incluir 2 distritos, fica à frente de Almere). Como eu disse, não há um centro antigo, um centro histórico, como a maioria das cidades e vilarejos da Holanda. A razão é porque Tilburg, diferente da maioria das cidades, não foi crescendo, se desenvolvendo ao entorno de um centro medieval. Tilburg como cidade é relativamente nova. É, de forma bem resumida, o resultado do encontro de pequenas vilas de tradição têxtil que cresceram até se encontrar. E Tilburg herdou essa tradição e se manteve como cidade industrial e referência na área. Hoje é mais conhecida por concentrar empresas de logística e pela excelente Universidade.
Kermis
Festival Mundial
Carnaval
Até por ser uma cidade universitária, Tilburg é agitadíssima. Com uma boa vida noturna, ótimos bares, um centro lotado deles, um do lado do outro. Mil e um eventos: Festival mundial - é, em português mesmo; T-parade - o carnaval de verão; a maior "Kermis" (quermesse) da Holanda; Slaagwerkfestival - o festival de batucada, cheio de grupos de holandeses tocando "olodum"; Muzenconcerten (festival de musica semanal no verao, ao ar livre, nos jardins da universidade); Playgroundsfestival (festival internacional de arte digital. Maravilhoso!); um carnaval maravilhoso (Tilburg fica na parte católica, então seguimos, como toda brabant e limburg, as tradicoes e assim, temos carnaval :-P)...
Mosteiro Trapista Koningshoeven
Cervejaria Kandinsky

Para quem gosta de cerveja: O mosteiro trapista de Tilburg (fica em Berkel-Enschot, uma vila que faz parte do município) é bem legal. Eu compro a La Trappe (cerveja deles) no Sligro, mas também vende na VVV da cidade e já vi na Gall & Gall. Mas, se você não quer ir longe, bem no coração da cidade, pertinho da estação está o "Kandinsky". Uma cervejaria (bier cafe) pequenininha, minúscula, numa esquina do centro. Super aconchegante, vive cheia de fiéis bebedores. Só no inverno o cardápio de cervejas da estação chega a 200! Comida não é o forte. Tem uns beliscos. Cerveja é. Eu que não sou chegada à pielsen normal, achei várias deliciosas. Vale a pena.
Heikesekerk
Mesquita de Tilburg, vista do alto
Tilburg era a cidade holandesa com o maior número de igrejas católicas. A maioria já foi demolida, transformada em outra coisa, virou casa... Mas, ainda assim, há um número considerável de igrejas espalhadas pelo centro e são lindas. A Heikesekerk, ao lado da prefeitura, é atualmente a mais antiga. Uma coisa legal em Tilburg é a diversidade. Há um número grande de imigrantes e muitos, mas muitos islâmicos. Sendo assim, Tilburg tinha que ter uma mesquita. E é uma senhora mesquita. Enorme! Line que o diga. É um prédio moderno, super interessante. Do alto é a meia lua do islã!
Entrada para o Scryption e o Natuurmuseum
Natuurmuseum
Para quem curte museus, além do Scryption (que é bem pequenininho), há boas opções em Tilburg: O museu de ciências naturais de Brabant fica porta a porta com o Scryption e eu achei bem legal. É um museu de ciências naturais e, sendo assim, agrada mais a criançada do que os adultos. Eu achei um barato. E fui com excursão da escola! Ha! Na época das minhas aulas de holandês, do curso de integração. No primeiro andar havia uma exposição de arte indígena do mundo, nos outros andares eles estavam com uma exposição sensacional, super bem montada sobre a água -não só a conversa de sempre, mas também as espécies invasoras, o ecossistema... Tudo interativo (e atrativo). Como o tipo de museu que é, tinha a parte tradicional que mostrava também a fauna de Brabant. Apesar de eu ter horror a animal empalhado, foi muito interessante ver "de perto". O casarão do museu é lindo! E na lanchonete tinha uma tortinha de maçã que... Deus meu! E eu não sou chegada à torta de maçã. Não era fatia, era uma mini torta. Vale a pena! hahahaha.
De Pont
Textielmuseum
Textielmuseum

O museu  "De Pont" é um museu novo (1992), de arte contemporânea, construído no que já foi uma fábrica. É um museu referência na Europa e, mesmo fora do circuito do turista comum, tem um bom público (a maioria europeu). Sendo arte contemporânea, na minha opinião, não é para "qualquer um". Não é todo mundo que curte. Mas o prédio e a adaptação do prédio para museu já vale. Pertinho do De pont está o "Museu têxtil" da cidade. Onde ficava a grande sede. É o máximo. Quase uma máquina do tempo. Dá para ver desde as primeiras técnicas, máquinas, ferramentas, até as mais modernas (incríveis). E os teares funcionam. Aliás, a parte moderna é também laboratório. Você pode ver a coisa acontecendo na hora, de verdade e não só uma mostra. Tem até um quê das máquinas de Willy Wonka (não, o cenário não é tão colorido, não tem oompa loompas, mas o trabalho das máquinas sim). Há uma área só para Damast tradicional, que eu amo. Acho que em português é "Damasco" mesmo. Além de exibir os grandes teares, eles também oferecem restauração e lavagem. Eu fiquei pensando nas toalhas e guardanapos da minha avó em Damast. Ah, e claro, a lojinha do museu (eu amo lojinhas de museus!) é uma atração a parte! Não, não. Ela foge dos suvenires tradicionais! Você pode comprar cachecol, mantas lindas, feltro, tecidos... Tudo de altíssima qualidade.
Paleis-raadhuis
Paleis-raadhuis
Draaihuis
Ik Woon Hier

Não faz muito tempo, a prefeitura abriu no castelinho a "sala de desenho do vincent"(van gogh). Há em brabant uma "rota van Gogh". Para quem não sabe, ele nasceu (lá perto da Ju) aqui na província, cresceu, estudou... Em Tilburg ele morou e estudou. Então, para quem curte, é um prato cheio, passear pelos vilarejos... Há rotas lindas de carro, bicicleta, a pé... Esse castelinho, o  "Paleis-raadhuis"que é parte da prefeitura e é onde os casamentos civis são geralmente celebrados, foi construído por ordem do Guilherme II, com a idéia de fazer de Tilburg uma Versalhes holandesa (sem piadinhas, por favor!). Ele acabou morrendo antes do palácio ficar pronto. É lindo. A prefeitura volta e meia apóia uma intervenção artística (e esquisita) pela cidade. Um letreiro com o nome de um site em neon no centro comunitário do meu bairro "Ik. Woon. Hier. nl" ("Eu moro aqui") é uma "obra"  (eu jurava que era um site para a comunidade). No encontro dos anéis rodoviários, no meio da rótula, há uma casa que... Gira! "A casa que gira" é também uma "obra" Ela fica rodando, rodando... Devagarinho.
013


Tilburg também tem boas opções para quem curte música, teatro, cinema... O 013 é sensacional. Com uma programação ótima, super eclética. Shows internacionais excelentes. Nacionais também. Sai do lugar comum. Eu já assisti, por exemplo, aos "Ipanemas" (Uma mistura de Wilson das Neves, alguns músicos do Azymuth e mai um tanto de outros bons músicos. Jazz e samba) lá, acabou sendo de graça. E o mesmo lugar vai receber Joe Satriani, Gare du nord, Within temptation,..., Já recebeu um monte de pop e de rock... É um barato!Tem um ótimo estacionamento rotativo ao lado e ainda é pertinho de onde os bares estão. Schouwburg: A sala de concerto e o grande teatro de Tilburg são incríveis. Ficam em um mesmo prédio. Também fui conhecer com a "escola". Além do grande salão (22 graus constantes e sistema de iluminação embasbacante) para grandes shows, orquestras, música clássica,..., há salas menores com shows de cabaret (comédia, gente, e não cancan), música (salas que você pode alugar para casamento também!), o teatro, o filmfoyer, bons bistrôs (é, no plural), lojinha de tentações (com coisinhas diferentes, livros... ai, ai)... Cinema temos dois multiplex (o euroscoop e o midi) e o cinecitta, com uma programação alternativa ótima.
Efteling - Entrada do parque a noite. foto: shots by me
Efteling - entrada para o povo Laaf

E para a criançada (e criançada grande também):  o Oliemeulen, um reptiário (mas hoje tem outros animais também) diferente por ser na cidade. Fica numa construção de 1650. Como eu não sou fã de bicho preso, não é dos meus programas favoritos. A bos notícia é que há um plano para transferir o Oliemeulen para uma área bem maior, numa região, num bairro mais afastado do centro. O que já é um grande passo. Mas, é curioso e eles têm um trabalho interessante com a população, com a criançadinha, de ensinar mesmo, tirar medos, aproximar os cabecinhas-de-queijo da natureza... Há contato. Mas, por falar em zoo, nos arredores de Tilburg fica o Beekse Bergen. No vilarejo de Hilvarenbeek. Merece um post a parte ;-) É um safari park enorme. Você pode fazer a pé, como num grande zoo, mas sem muitas "jaulas", tipo: os babuínos têm uma área enorme aberta e passam para a dos elefantes, girafas... São areas gigantescas, lindas. Ou você pode fazer o safari mesmo de carro, ônibus-safari, barco (!!! Mas no inverno não), sim há um lago gigantesco lá dentro, com direito à ilha para alguns animais (ilha com bosque). Ou você pode fazer tudo em sequência!!! Eu fiz a pé (uns 6 km) e era inverno. Amei. Os cerdos ficam soltos uma área de bosque e vêm pertinho da gente (sem grade). Há um projeto de preservação por trás e, apesar de ainda ser um zoo, uma certa "dignidade" com os animais. Ainda nos arredores de Tilburg (com ônibus direto da estação central) está o Efteling... Ah, o Efteling! Uma das grandes paixões da minha vida! Merece todos os posts. Só indo. E digo: prefiro o Efteling à Disney.

É isso: programa para todos os gostos e bolsos. Quem diria?! Vendo o tamanho do post, percebi que Tilburg tem mais coisa para fazer do que eu imaginava hahahaha

Beijo!

Wednesday, August 25, 2010

Gente meio assim... Por quê?

Ego, Ratatouille. Quem viu o filme concordará que é a figura perfeita para ilustrar o post.


Bom dia!!!

Hoje estava pensando no que escrever mesmo com tantos posts no rascunho por terminar, mas sem a menor vontade de escrever sobre nenhum dos temas. Aí, lendo os fóruns da vida, me lembrei de uma situação que vivi em Amsterdã que acho que dá um início de discussão interessante ("início" porque o tema, ou temas, dá muito pano pra manga).

A minha "família limpa" (1*) vem toda do extremo sul da Holanda. Os sogros vieram para Brabant já casados e todo o resto, ou quase, ainda mora por Limburg. Dos dois lados. Bom, para evitar que os primos percam o contato, agora que são todos adultos, uma prima decidiu criar o "dia dos primos". De vez em quando nos reunimos para conversar, ir para a noitada, fazer alguma coisa juntos. Cada vez é em uma das cidades onde os primos moram. Já foi no sul, já foi aqui e... já foi em Amsterdã. Um dos primos foi morar em Amsterdã. E é justamente esse encontro que acabou na cena que vai abrir a discussão.

Já tinha encontrado o primo outras vezes, sempre em reunião de família (natal, aniversário...) e ele sempre foi na dele. Nem simpático demais, nem arredio demais. "Cool". Mas, quando chegamos aos seus domínios... Ui! Que cara chato, estranho, mandão! Primeiro não quis nos encontrar no centro, na lojinha brasileira, onde iríamos entrar num PF de picanha (só quem mora fora sabe o valor que um PF de picanha tem! ). Até aí nada demais. Depois, ele decidiu que comeríamos Pizza. Ok, também nada demais. O tempo todo no apartamento dele ele se comportou como um verdadeiro babaca (desculpem o termo, mas não tem melhor). Cheio de indiretas para os primos e para mim, se sentindo "O cara". Eu já tinha visto esse filme: Era o primo que "foi para a capital", ou para a "capitaRRR". A diferença é que Maastricht está longe de ser uma roça e eu acho bem mais legal do que Amsterdã, cá entre nós. Se portando como o estereótipo (!) do "Amsterdense" (?) descolado, seboso e arrogante. Falando até com um sotaque meia bomba. Na época eu não arriscava o holandês, mas mesmo assim ele arranjou um jeito de tentar me "zoar" pela forma que eu falava o nome da prima, que termina em "Anne" (é entre ana e anê). Não se criou. Tentou sacanear o nome-apelido da minha irmã, por ser o mesmo de um Zoo no sul. Também sem sucesso. Ele não percebia que para mim ele não era o "ó do bobó", ele não era "cool" e morar em Amsterdã não me dizia nada (*2). Não me impressionava. Já conheci gente mais impressionante nessa vida hahahah

Por tradição, os "locais" montam a programação. Lá fomos nós para a Rembrandtplein. Ele me (nos) senta num italiano, como se fosse o local. Ah, gente... Com tanto barzinho bacana (eu adoro o 3 gezusters de qualquer lugar e lá tem um! ou melhor, 2! Um do lado do outro), o coiso me arranja um pé imundo, pior que a maioria dos pés imundos que eu já freqüentei no Brasil. Com péssimo atendimento, copo fedido... E um banheiro que eu não consegui ir e eu estou beeeeemmm longe de ser fresca. Sério. Tinha uma torre de papel higiênico usado, cagado e amassado em volta do vaso até a altura da descarga. Papel não tinha. O banheiro era ao lado da porta da cozinha, quando pedimos a um garçom mais papel e ele abriu a porta da cozinha e pegou o rolo, ao lado das panelas... Eu olhei o cozinheiro, eu olhei o lugar... Quis sair correndo. Tão sujo quanto o banheiro.

Fomos direto para a segunda parte da noitada: um café-pub-club na praça onde tínhamos que pagar 8 euros para entrar (eu nunca paguei para entrar num lugar desses aqui em Tilburg!). Lugarzinho Ok. Ele tentou achar um lugar que tinha a ver com o que íamos por aqui, tentou agradar no estilo dele. Isso realmente não me faria reclamar. O jeito dele sim. Mas, poderia ser só um caso de babaquice aguda, deslumbrado com a "cidade grande". Isso não me abalaria tanto. O problema maior foi o que estava por vir quando saímos do bar...
Depois da noitada, nós 5, fomos caminhando para pegar a balsa atrás da estação central. Logo na saída, tinha um grupo grande bem animado e no meio havia alguns gays. Eles sorriram, me deram boa noite, eu dei de volta e o coiso: "Fags (em inglês mesmo)! Essas merdas estão espalhadas por todo canto. Sai daqui! Deveria ser proibido". E continuou aos berros. Eu fiquei tão, mas tão p. Saí andando, com a pior cara do mundo, me afastando do resto e vi que não fui a única (que bom!). Como assim? Eu fiquei tão chocada... Como um cara que se acha o cool de Amsterdã, que se acha o moderno, o tal, é tão, tão... E, peraí, né?! Eu respeito quem tem uma opinião diferente da minha (apesar de ficar triste, desapontada, etc etc com algumas coisas), mas envolver o grupo todo no ódio dele? Chamando a atenção do mundo com palavras de ódio, como se todos nós estivéssemos no mesmo barco? Ah, não! Há maneiras mais civilizadas de se expôr uma opinião. E geralmente, quem grita não tem argumento, não é?!

Conversando com a sogra descobri a razão (ou uma delas): o pai é gay. Se assumiu quando o talzinho e o irmão (gente finíssima) eram crianças. A mãe (a tia mais querida) segurou a barra, o fim do casamento, mas não contou para os filhos a razão, sobre o pai ser gay e estar indo morar com um cara. Achou que era dever dele. Segurou a onda, foi culpada pelos moleques... Até que o pai abriu a boca. O resto é história. Justificar, não justifica, mas ajuda a formar o quadro. Claro que, depois disso, os encontros entre os primos ficaram mais raros e mais "restritos". Será que o pai do coiso teria feito melhor em não se assumir e viver o resto da vida numa mentira só porque tinha 2 meninos? Isso faria do coiso-diva uma pessoa melhor? Não sei. Acho que não. Com certeza a mãe não seria feliz. O pai também não. E duvido que os 2 filhos seriam.

Desde então, volta e meia me deparo com uma figurinha do tipo pela Tamancolândia (e também, claro, pelo mundo). Pessoas que não aceitam o diferente, pessoas que não suportam não estar no holofote, pessoas com necessidade de serem divas, sofrendo de divisse aguda. Pessoas que querem chocar os outros com opiniões fortes, para simplesmente estar no centro. Pessoas que precisam de um palco, que precisam falar um ai, mesmo que um ai não seja necessário. Pessoas que, mesmo sendo muito "machas", precisam de "um palco,um vestido de lamê e uma chuva de purpurina cercada de holofotes" e que, algumas vezes, se isolam num mundinho onde são Deus, tentam compensar alguma coisa . Pessoas que pelo o que eu vejo são extremamente inseguras e usam escudos para se protegerem. Pessoas com o ego inflamado que, para mim, também é fruto da insegurança, da baixa autoestima. Quem se compara, para mim, não está avaliando o comparado, está é se avaliando. Pessoas que odeiam (estou falando de ódio) para mim se reconhecem de alguma forma. Como é aquele ditado que diz que os defeitos que nos incomodam nos outros são os nossos refletidos? Esqueci. E o curioso sobre a "divisse" é que eu vejo mais em homens do que em mulheres. A divisse feminina é diferente, passa por outras coisas, apesar de incluir a divisse aguda também em alguns casos.
Ego vivendo seu "momento tchuns".

E também já encontrei muitos, mas muitos homofóbicos na Holanda. E não estou falando de pessoas que não achem o homossexualismo legal, que não curtam,..., ou que prefiram ficar de fora, que não se interessam,..., cada um tem seu direito de pensar o que quiser, viver como quiser. Estou falando de fobia mesmo. Pessoas que se arrepiam só de ouvir falar no assunto, que têm tremeliques, que deturpam tudo o que tenha alguma relação com algum homossexual. Que acham que tudo se resume a sacanagem e/ou é uma doença, um câncer social. "Esse cara não pode trabalhar como pediatra, esse cara não pode ser advogado, esse cara não pode assumir o cara dele, esse cara tem que viver sozinho, esse cara não pode adotar, esse cara não pode frequentar a minha casa, esse cara não pode jogar bola...Essa cara não pode viver porque é gay". "Eu? Ir tomar uma cerveja com ele? Ui! Vão achar que eu sou!" "O que? meu filho na casa daquele amigo que o pai/a mãe é? Não!!!" Já ouvi muita, mas muita gente falando que esse asco é coisa de gente mal resolvida, que deve ser gay e não tem coragem de se assumir. Acho que em alguns casos isso pode até acontecer e a fobia, o ódio são usados como escudo, mas não é a regra. Acredito que o buraco seja bem mais embaixo. Alguns, como o coiso, podem ter passado por algum trauma e outros simplesmente temem o desconhecido, repudiam de cara... É o maldito preconceito. Sei lá. Mas, definitivamente algumas pessoas precisam viver seu "momento tchuns", como o Ego de Ratatouille.

Estive pensando nisso nos últimos dias. Em como o primo coiso consegue reunir homofobia e "divisse aguda" no mesmo nível. Se há relação entre as duas. Em como há gente assim por aqui e pelo o mundo. Nos Porquês... Estive pensando nos egos, especialmente nos inflamados... No "se achar mais"... A razão de tudo isso... Cada um desses pontos/ temas dá metros e metros de pano para manga, não?! Discussões infinitas.

Beijooooooo

p.s: Esqueci de uma coisa: ainda dá para votar no blog da Tati!! do que eu estou falando? Deem uma lida no post anterior ;-)
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(1*) Família limpa = Schoonfamilie = Família do marido em tradução literal, "sogromilia". Em holandês sogra é "Mãe Limpa (ah se o Dicró ouvisse isso!!), Sogro é "pai limpo", ..., e por aí vai.
(2*) Nada contra Amsterdã, gente! Mas, gosto para exposições, eventos... Não sei se curtiria morar em Amsterdã e não tenho o deslumbre, não acho que as pessoas sejam "mais" por lá (ou em nenhum lugar)

Saturday, August 21, 2010

Votem na Tati? Votem na Tati!

Oi! Boa tarde!


Há poucos dias conheci, por indicação da Sandra Ronca, a Tati Pastorello e o seu "perguntas em resposta". E até comentei com vocês no "Medula também se doa" (Se não leu, por favor, leia ;-) ). Foi uma indicação maravilhosa. A Sandra acertou em cheio. A Tati escreve super bem. Tem textos maravilhosos, posts incríveis. Devorei os últimos posts e estou ainda aproveitando e me deliciando com os antigos. Recomendo.


A Tati está participando com seu "Perguntas em resposta" do Blog Books e precisa do nosso apoio, do nosso voto, para receber o presente de natal da vida dela ;-) Não tem mistério nenhum, não pede nenhum dado pessoal de quem vota. E... Podemos votar quantas vezes quisermos!


O selinho-link para o voto direto! 
Então, o blog da Tati pode virar livro! E merece. Se não merecesse não divulgaria aqui :-P O porquê? Além das razões que eu escrevi, leiam o post "A véspera do Natal da minha vida" no "Perguntas em resposta"! ;-)

"Mas, Fefa, que post curtinho é esse?" Ah, gente... Ninguém melhor que os próprios posts da Tati para ilustrarem o tema desse post ;-)

Obrigada! Bom domingo!

Beijocas 



Friday, August 20, 2010

Mágico pra mim é...


Há uns muitos dias fui convidada pela Line, do "Meias Palavras" para participar dessa BC. Estou meio atrasada, já vi que a maioria dos indicados que temos em comum já postou sobre o que é mágico para eles, mas, antes tarde do que nunca. :-P O tema é desses que você acha que é "óbvio", que vai responder fácil fácil, mas que ao escrever você começa a pensar, pensar... Avaliar se "isso" é mágico o suficiente para entrar na lista do que "é mágico para mim". Você (=eu) acaba complicando demais. E é como o que acaba acontecendo com o resto das coisas mágicas da vida (cuja mágica é justamente ser simples, mais simples do que a gente pensa e do que a gente vive no dia-a-dia). 

Eu realmente não sei se vou ser justa numa lista de poucos tópicos, nem vou pensar demais, tentar fazer alguma coisa que seja "cool", emotiva demais ou engraçadinha demais... Aliás, vou tentar esquecer o que vinha matutando e vou sair escrevendo, ok?! Mas vou tentar me frear se começar a ficar, pra variar, longo demais. E se só tiver 1 tópico, não vou me forçar a escrever além, combinado?! E vocês, que forem participar da brincadeira (postando ou imaginando. Indicados ou não) também!  Ufa, vou começar:

Mágico para mim é...
  • Acordar todo dia, abrir os olhos, espreguiçar muuuiittto, dar um beijo de "acorda!!", abrir a janela e sentir o clima (frio, chuva, sol, nevoeiro, vento...). O mundão de meu deus nos dando bom dia.
  • Abrir a porta do quarto e receber o bom dia mais feliz do mundo, todos os dias, estando eu de mau ou bom humor: o bom dia saltitante e espreguiçante da minha filhota 4 patas. E isso a minha vida toda com meus filhotes/irmaos (muitos) 4 patas desde criança.
  • Tomar aquele copão d'água da bica, numa temperatura de "moringa", sem medo de pegar uma ziquezira qualquer.
  • Um sorriso, um aceno sem necessidade, sem obrigação, só por ser para/de alguém que passa por mim na rua. Uma gentileza. 
  • Telefone, internet, qualquer coisa que deixa as distâncias tão grandes curtinhas. 
  • Ligar todo domingo para o Brasil ( aqui não tem isso de domingo ser mais barato, mas é hábito) mesmo que não tenha muito ou nada para falar e ouvir meus pais e minha irmã como se eles estivessem ao meu lado ou como se morassem na casa ao lado. Falar como se tivéssemos nos visto ontem mas com uma saudade e uma emoção como se nós não nos víssemos há uma década.
  • Voltar para "casa" e ver que está tudo como eu deixei, e sentir os melhores abraços do mundo. Sentir que eles estão e estarão ali quando a saudade apertar, eu precisar, eles precisarem.
  • Saudade. Boa ou ruim, é o sentimento mais sinérgico que existe e tão exclusivo da gente. 
  • Ter amigos de infância que viraram irmãos e mesmo que a gente fique muitos, mas muitos anos, sem os ver, serão ainda os mesmos amigos de sempre. 
  • Fazer novos "amigos de infância" numa terra tão longe e depois de "virar gente grande".
  • Viajar, descobrir novas culturas, novos mundos. 
  • Fazer um caminho diferente do que se faz todo dia e se surpreender. Variar. 
  • Ter tido a chance de conhecer o mundo através de amigos do mundo todo em um mesmo grupo. Quebrar estereótipos
  • descobrir que algumas máximas não são blablablas e sim verdade. Afinal, "a gente colhe o que planta" ;-) 
  • Meter a mão na terra. Ficar toda suja, cansada, doída, ver que onde você mexeu continua uma bagunça, mas ver que valeu a pena quando as sementinhas começam a brotar, as plantas, as flores, os frutos... E ver que está dando certo quando a bagunça é adotada por patinhos, coelhos, passarinhos, borboletas, besourinhos, lagartinhas,... até por crianças dos outros... E saber que se não fosse bom, não teriam vindo e voltado. 
  • É ver que na hora do vamos ver tiramos força de onde não temos, reagimos como nunca imaginamos ser possível reagir.
  • É ouvir o silêncio. Conseguir ouvir o silêncio e aprender a apreciar isso. Conseguir meditar, seja como for. 
  • É ter fé na vida e em nós mesmos, através de religião ou não.
  • É aprender a aprender. É aprender com os erros. Aprender a se desculpar e a desculpar o outro. Aprender a seguir em frente.
  • Descobrir que merda aduba e faz parte da vida. Mas que errar não significa ser uma pessoa ruim, que tropeços acontecem e que vale a pena continuar pq vai dar certo no final. 
  • Descobrir que eu acredito mais do que imaginava.
  • Ouvir que eu sou de gêmeos com ascendente em sagitário (a 29o e 58 minutos, quase capricórnio) que não tenho anjo no meu dia, nem na minha hora e que "isso explica tudo"(seja lá o que tudo for) e que por isso a pessoa, que comentou isso, aprendeu a me apreciar e a me entender. hahaha e Descobrir que, acreditem ou não, faz mais sentido do que eu imaginava. 
  • Sentar para conversar do nada com alguém. Dar atenção e receber um olhar de gratidão, um sorriso (mesmo que interno). 
  • Dividir, trocar.
  • Ter tido a honra de ter 3 avós,e ainda ter uma "logo ali", em Niterói. De ter aprendido tanto com elas, inclusive de como a saudade dói. 
  • Ter os pais que eu tenho, a irmã que eu tenho e a família que eu tenho. 
  • Foi o dia em que eu sentei com meu pai do nada, cedinho, no costão de itacoatiara, conversando sobre coisas que nunca imaginei conversar com ele e receber de uma onda no nosso pé uma resposta que vai ser só nossa e para sempre.
  • ter segredos e pessoas com quem dividi-los. 
  • Acordar cedinho, sentar do lado de fora e ver o dia chegar. Sentar em algum lugar para ver o pôr-do-sol. E, pq não, aplaudi-lo. 
  • assumir as escolhas e as consequências destas e descobrir que isso é viver.
  • São livros. São músicas. 
  • É ler, ouvir, falar, sentir, cheirar, provar.
  • E... Descobrir que "Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia". 
Ok! Parei! É mágico ver que poderia assinar embaixo e copiar a maioria dos tópicos da lista de é mágicos da Line. hahahahahaha

Bom, eu gostaria de indicar para todos os blogs que eu sigo e para quem me segue. É uma reflexão bem legal. Masssss, já que são 10 blogs e alguns de vocês já responderam: 

  1. Sandra - Sandra Ronca
  2. Tati - Perguntas em Respostas
  3. Mari - Miss Vaidosa 
  4. Dani - de lá para cá
  5. Helena - Home is a state of mind
  6. Tati Muniz - Essa coisa Umbigo
  7. Tati - Vida Bicultural
  8. Karine - Ká entre nós
  9. Taís - Finding Netherlands
  10. Belen - Belen Isla's Art
  11. (10+1) Analice - Sob o céu de (Analice)
Mas também queria indicar para umas pessoas mesmo sem ter blog (mas que leem o bloguinho). Vocês podem postar como comentários, vocês podem só parar para refletir e guardar o que é mágico para vocês só para vocês...
  • Tt
  • Rozanne
  • Bia
  • Vivi
A foto!
 Um momento desses bem simples da vida que são mágicos e que nós deveríamos aproveitar mais. Como tentar viver a vida...  A saudade da minha família... O Brasil, a alegria, o quintal lá de casa... 

Beijoooo!

Saturday, August 14, 2010

Medula também se doa!

ilustração Sandra Ronca

Oi, gente! Bom dia!!! 

Antes de mais nada: Hoje ainda está rolando em Niterói/ RJ o cadastro de doadores de medula óssea, divulgado por essa campanha fantástica aí em cima. 

Para saber mais sobre a campanha "Medula para Oliver": 




Descobri sobre a campanha no Blog da Sandra Ronca,que é uma pessoa e uma ilustradora maravilhosa - autora dessa intervenção linda sobre a imagem oficial da campanha. E tb num blog que ela me indicou (e eu amei. Recomendo) chamado "Perguntas em Resposta".

Você mora em Niterói ou próximo? Ainda da tempo. Se você mora longe, mas conhece quem more perto, também ainda dá tempo de mandar um e-mail, sms, sinal de fumaça...

Mas, é claro, a campanha pelo cadastro de doadores de medula continua! Não há data para acabar. É importante e precisa de apoio. 

Doar só nos faz bem e digo com conhecimento de causa. Desde os meus 18 anos dôo sangue, mesmo sem "endereço certo". No Brasil doava a cada 3 meses. Aqui me tornei doadora de órgãos (fiquei feliz da vida ao preencher o formulário que me mandaram assim que cheguei para o cadastro de doador - ou não) e ando com minha carteirinha na bolsa junto com minha identidade.

Onde doar? Os endereços, por estado,estão no Site do INCA 
Como doar? o passo a passo para se tornar doador também está no site do INCA

Vale a pena ler e divulgar o blog DOAÇÃO DE MEDULA ÓSSEA PARA OLIVER KLIGERMANcom links, informações, datas... 

Fui atrás de como me cadastrar aqui na Holanda. Cheguei ao site Donor Voorlichting. Há muita informação a respeito da doação de medula óssea/células tronco (sim, juntos), está bem explicado. Aqui na Holanda podemos nos cadastrar como doadores no banco de sangue mais próximo. Mas, a doação em si só em 2 hospitais, pelo o que eu entendi. 

Não sabe onde ir na Holanda? No site do Sanquin há todas as informações sobre doação de sangue e registro de doadores além de busca de endereços por cidade, CEP....  O registro é feito por formulário online.

Quando viemos morar na Holanda (acredito que todos os nieuwkomers fizeram o mesmo), em meio à papelada, preenchemos o formulário do banco de doadores: Donorregister (mantido pelo governo) sobre ser ou não doador e, se sim, qual opção e depois recebemos a carteirinha, preenchemos na verdade uma declaração de doação de órgãos em caso de óbito, mas não inclui aí as doações em vida. Não fez isso ainda? Clique no link acima e faça. As opções para quem é doador são interessantes: sua família decide por você o que e quando doar, você determina alguém para decidir, é doador imediato... E também, caso você não queira ser (pena) isso vem especificado na sua carteirinha. 

É isso! Doem! Divulguem a campanha! Participem! Não dói (ou não muito ahahaha) e só faz bem.

Beijoooo e um ótimo dia!

p.s: Eu sei que muita gente que lê e participa aqui do blog não mora nem na Holanda nem no Brasil, mas não consegui achar um site com endereços pelo mundo. Pelo visto, varia tanto de país para país que a melhor forma é buscar localmente ;-)


Friday, August 13, 2010

Salve o Scryption!

Sim, o título tem duplo sentido. ;-)


Olá! A prefeitura de Tilburg anunciou o corte do subsídio ao Scryption Museum em 2012. Isso significa que há uma grande chance dele ter que, infelizmente, fechar as portas. É uma pena.

Iscripiti o quê? Scryption: www.scryption.nl O site está em holandês.

Vou traduzir (rapidinho e meia bomba) o texto de abertura e, assim, vocês vão poder entender um pouco melhor o que é o Scryption:

O Scryption é um museu interativo para a comunicação escrita e a mostra por vários ângulos: o desenvolvimento da escrita, a maneira como se ensina/aprende a ler e escrever, histórias pessoais de pessoas sobre o porquê deles escreverem. Jovens artistas e designers mostram suas idéias em exposições interessantes sobre o impacto da comunicação por escrito na vida e sua visão para o futuro. Estes são alguns exemplos do que nós expomos/mostramos.

Infelizmente a prefeitura de Tilburg ameaça cortar o subsídio para/até 2012, o que significaria o fechamento desse museu único. Estamos trabalhando duro para virar o jogo/desatar esse nó e sua ajuda é bem vinda. Clique em Agenda -> Nieuws e leia a contestação/reclamação que foi enviada ao município. Confira também as belas manifestações de apoio "derramadas"/ declaradas. Você também gostaria de demonstrar sua objeção à prefeitura? Envie então um e-mail para naarinfo@scryption.nl. Obrigado por seu apoio e simpatia!

A tradução não ficou das melhores, está bem longe disso, mas pelo menos dá para entender um pouco a proposta desse museuzinho perdido no centro de Tilburg e a situação pela qual está passando. 

Eu só fui saber disso ontem, quando eu estava listando uns lugares que eu gosto por aqui e colocando links em um e-mail. Fiquei triste. Fui ao Scryption durante o meu inburgering (curso de integração social obrigatório para imigrantes por aqui). O programa incluia visitas aos museus da cidade (ainda bem!). Foi uma visita casada porque o Scryption fica grudado ao Museu de Ciências Naturais de Brabante, no mesmo terreno. Eu adorei. Talvez por ter relação com minha formação, por eu sempre ter me interessado por expressão escrita, tipografia, impressão... Não sei. Ao mesmo tempo era um espaço de experimentação, um espaço aberto à cultura, à ciência, à história e à arte ao mesmo tempo. Talvez pelo inusitado: esse tema, perdido em frente à estação central de tilburg, sufocado entre imobiliárias e o imponente casarão do museu de ciências naturais... Quietinho, pequenininho, mas tão curioso.

Sempre me doeu ver museus, galerias, teatros, bibliotecas, cinemas sendo fechados, perdendo o incentivo, e também o público. Vazios... Sem ninguém para brincar, mexer, ver... Senti isso ao vir morar em Tilburg e ver um cinema antigo, pequeno no centro sendo fechado e em frente, bem em frente, um mega multiplex sendo aberto; ao passear pelo campo de São Bento em Niterói e ver a biblioteca estadual infantil Anísio Teixeira (que eu freqüentei, peguei livros e livros, fiz aula de teatro na adolescência...) largada, caquética... Quando fecharam o cinema Icaraí, de frente para a praia, um dos últimos prédios art-déco da cidade, e até hoje ameaçam transformar em "igreja" (é, entre aspas mesmo para quem me entendeu) ou demolir e, no lugar, erguer um prédio de alto luxo (como fizeram com o caneco no leblon). Não sei... Não sei mesmo. Acho que é papel da sociedade, das escolas, das pessoas (como pais, avós, parentes, amigos, chefes...) incentivarem uns aos outros e especialmente crianças a redescobrirem esses cantinhos mágicos, perdidos. Isso traz energia nova ao lugar, motivação, vida... E também a nós mesmos. A vida está tão corrida que a gnete se atropela e esquece de olhar para o lado. 1 mm de mudança é um km na falta de tempo dos dias de hoje. Comodismo e estresse são uns monstros nas nossas vidas. 

Mas, é só tirar a poeira, sacudir um pouco e fazer 1X por semana, a cada 15 dias, por mês,  semestre, ano,..., na vida que seja, um programinha diferente! Levantar do sofá, perder o 1 segundo sagrado de sono e sair da rotina assusta, mas depois é mito bom! Confiem!

Ah, e quem quiser ajudar/apoiar/reclamar sobre o fechamento do scryption o e-mail é esse que no texto acima. E quem quiser visitar o scryption e, de quebra, o natuur museum, os dois ficam beeeem em frente ao terminal de ônibus da estação central de trem da cidade. É sair da estação e olhar para a direita.

Já tem um post no forno (me empolguei com esse) sobre uns lugarezinhos bacaninhas por aqui. 

Bom passeio! Aqui ou em qualquer lugar!

Wednesday, August 11, 2010

Aiiii. Que raiva!




(postão-desabafo gigantesco. Para quem tem cachorro :-P)

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh. 

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh. 

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh. 

Bom, agora que já gritei, vou escrever. hahahah

Como é difícil reagir à situações inesperadas, desconfortáveis e inconvenientes (principalmente) em uma língua que não é a sua, não? Passei por isso ontem e fiquei pensando nisso no meio da raiva interna por não ter conseguido mandar a pessoa ir à merda (Simone, agora vc vai entender meu comentário no FB)

Eu já fiz meu "inburgering" (curso de integração, etapa obrigatória na vida de um imigrante comum na Holanda), passei no "staatsexamen" (um TOEFL holandês), consigo me comunicar em holandês (com erros, tenho um longo caminho pela frente, mas me faço entender), acompanhar conversas e dar pitaco, ver TV, mas percebi que no calor da emoção - seja boa ou ruim - nada como a nossa língua. Ok, inglês também porque é uma língua da minha "zona de conforto", mas mesmo o inglês não substitui o holandês.

Aqui no parque há 2 áreas cercadas enormes para cachorro correr solto sem incomodar ninguém e atualmente o bosque do bairro também teve uma parte, bem no miolo, reservada para as pessoas passearem com seus cachorros soltos. São as "Losloop zone" (áreas para andar solto), com cercas e/ou plaquinhas delimitando-as. No bosque só há plaquinhas e eu as respeito e muito! Aliás, sou toda certinha com isso porque respeito os que não gostam de cachorro, respeito o espaço do outro, ou faço o meu melhor. Pois bem, toda tarde eu levo a filhota para o bosque, porque o meu parque, como eu comentei no Post sobre o silêncio, só é o "meu parque" de manhã. E deixo ela correr solta na "meiuca" da área para os cachorros. Assim, que vejo a plaquinha de fim de "zona", coloco a Kira de volta na coleira. Sem problemas. 

Além de achar que meu direito termina onde começa o do outro, a Kira tem ainda alguns traumas do passado (acho que comentei que a adotamos com pouco mais de 1 ano e ela já havia sido adotada filhote e devolvida e que isso gerou uns traumas nela. Ela tem pavor de ficar sozinha por medo de ser abandonada, ela tem horror a um certo tipo de homem (provavelmente por causa do "dono" antigo), tem uma boca enorme e se acha o pitbull quando está na coleira. E por isso eu tomo cuidados extras com ela quando saímos. 

Bom, mas voltando, ontem fui passear no bosque com a Kira, a menininha que vem brincar com a Kira e a sogra com o cachorrão dela. Só que dessa vez o "Seu Lobo" veio e foi um saco. Assim que saímos do miolo do bosque para o anel de terra batida que o circunda e que ainda é área livre para cachorros, ouvimos um barulho estranho e veio um senhor de bicicleta seguido por um menininho de uns 5 anos em um bicicletinha fazendo um barulho infernal (sabe quando o povo colocava copo plastico no aro da bicicleta para ficar barulhenta? por aí). Resultado: a Kira se assustou e foi correndo, como ela sempre faz ao se sentir acuada, para a bicicleta do menino. Só que ele parou e ela parou imediatamente também. Eu falei para ele não se assustar, que ela estava com medo do barulho e que não faria nada. A chamei de volta e ela veio, sem problemas. Pedi desculpas ao menino e ao senhor e seguimos em paz. Eles "entraram" no bosque e nós seguimos pela "rua".

A m. foi que o tal senhor resolveu sair de repente de uma trilha bem em cima da gente. E seguido pelo filho/neto. Bom, se nós nos assustamos, vocês imaginam os 4 patas, né?! Resultado, a Kira foi atrás. E mesmo que eu fosse um Robson Caetano da vida, não conseguiria alcançar uma bicicleta e muito menos um cachorro de caça correndo. O Senhor parou 30 metros a frente puto da vida (ok, não é agradável. eu entendo) e tentou chutar a Kira com o pé. Aí o circo se formou. Eu chamando a Kira, ela latindo e brava porque foi "atacada" (uma dica para quem estiver de bicicleta e um cachorro vier para o aro: não chute o cachorro! Pare, veja se tem alguem, mantenha-se calmo. Cachorro reage ao medo) e ele continuou a pedalar a m. da bicicleta e ela o acompanhou e ele parou meio metro depois, e...

Eu desde o início pedia que ele esperasse um minuto para que eu pudesse me aproximar e colocá-la na coleira para que eles pudessem se afastar e ele me ignorou. E várias vezes! Bom, entrou para o bosque de novo e a Kira foi atrás e eu junto. Aí o homem me para a bicicleta e quase partindo para cima de mim fala "Nou ("Agora", mas que pode em alguns momentos ser um "Porra!")Vai demorar muito para você acordar e colocar essa besta na coleira?!" e eu respondi que estava tentando, mas que se ele esperasse um minuto sem pedalar seria mais fácil e ele reagiu ainda mais forte e disse "Que absurdo! Ridículo! Idiota! Então eu é que tenho que parar para você colocar a sua besta na coleira? Idiota". Eu disse que ele não TINHA que parar, mas que seria muito mais prático para nós dois se ele o fizesse. E disse que eles estavam fazendo "mountain bike" justamente na área que é para os cachorros correrem livres e que provavelmente ele teria o mesmo problema mais vezes. A Kira já tinha há muito parado de perseguir porque, em meio aos berros dele, eu a estava chamando e ela estava correndo com o cachorro da sogra. Detalhe: o menininho já estava lá na frente e sem problema com os cachorros. 

Eu não sei como mantive a calma e não reagi aos insultos e à raiva no mesmo tom e nível. Ainda mais quando ele por algumas vezes tentou chutar a Kira e me chamou de idiota.  Naquelas circunstâncias, infelizmente, o idiota (por ignorância do lugar e das regras) era ele. Explico: O bosque é uma área enorme e talvez 1/5, 1/10 seja destinado aos cachorros, ou melhor, seja uma zona livre para cachorros soltos. Fora daquele circulo, cachorro só na coleira. E há uma quantidade enorme de pessoas com cachorros ali desde que isso foi criado.  Ele decidiu ir justamente com o moleque para aquele pedaço. E sinalização demarcando a área é o que não falta, tanto no entorno quanto no miolo do bosque, nas trilhas... Passou da placa, se alguém pegar: 90 euros.  O resto do bosque têm trilhas ótimas, também muita parte selvagem e vão até construir um parquinho (proibido para cachorro, mesmo na coleira, como já é no parquinho do parque). Tudo para que haja uma convivência harmoniosa e todos os interesses sejam atendidos. Cocô de cachorro? Milhões de latas pelas trilhas (e eu sempre recolho). 

No mais, as zonas livres para cachorro são também, claro, livres para pessoas, crianças e bicicletas, mas todos sabem que, por orientação oficial, uma atenção extra é necessária. Que se você decide "entrar" numa los loop zone com sua bicicleta ou fazendo cooper e um cachorro estiver próximo você precisa diminuir o passo, ir com calma,..., para a sua segurança/comodidade e também dos outros. 

Eu o tempo todo reagi em holandês e eu não consigo entender o porquê de não ter ido para o inglês, que a pessoa provavelmente fala ou arranha. Estava fora da minha "zona de conforto idiomática" :-P (Depois de ler o post da Dani, acho que quando evitamos tentar nos comunicar em holandês, sabendo já o básico, e partimos de cara para o inglês, sabendo q a pessoa vai compreender de cara, é de certa forma uma "síndrome de Gabriela" verbal :-P ). Com certeza em inglês eu teria me colocado mais firmemente e claramente. Eu acabei reagindo como culpada na zona, enquanto, desde o início estava tentando era resolver calmamente e sem irritação para os dois lados. 

Eu estava tão nervosa, tão cheia de raiva por dentro, daquela raiva que você sente queimar, sabe?! Por ter sido xingada, por ter passado por uma situação dessas quando eu sempre tento seguir as regras e por sempre respeitar os limites para uma boa convivência... e acima de tudo por ser "mãe" da minha filhota 4 patas e ver o idiota tentando agredi-la fisicamente. Fiquei com raiva por minha sogra ter ficado de fora na hora do vamos ver e não ter se mexido para me ajudar a pelo menos pegar a Kira. Fiquei com raiva por não ter conseguido reagir da forma como eu deveria. Não, não com agressão, mas de forma firme.

Ao sair da situação, encontrei com algumas pessoas pelo caminho (que também passeiam na mesma hora) e hoje no parque. Comentando a situação, recebi apoio deles (holandeses). Uma disse: "Ele é uma exceção e não regra. É uma pessoa associal (asociaal, em holandês)". E é isso! Não é nem que o cara seja anti-social, ele é associal. Que ele estivesse com medo, assustado, ou preocupado com o menino (que estava feliz da vida e nem ligando pra nada, que soube agir melhor que ele) é compreensível. Mas, a reação não, ainda mais a partir do momento que eu reagi calma, o pedi que esperasse e que se ele parasse ela não continuaria e não faria nada, nada justifica ele agredir fisica e verbalmente (o que só piorou as coisas e muito!).

Resumindo: Não há nada como um "vá à merda" terapêutico (ou qq outro palavrão bem dito). Acho que nenhum "f.you", ou "krijg de kanker" ("pegue câncer", em holandês) substitui a força de um "ir à merda". 

Ahhhh, agora um ahhhhh de alívio! Desabafei! ;-) 

Beijocas!